Dar a vida pelos cidadãos

26-11-2013 01:03

                    É consensual atribuir-se este risco aos militares, que juram defender a bandeira do país e a Pátria até à última gota de sangue; atribui-se aos bombeiros, cujo lema é “vida por vida”; e agora reconhece-se às forças e serviços de segurança pública, que se comprometem a servir independentemente do dia e da hora ou de outras circunstâncias. É óbvio que o debate está cheio de razoabilidade nesta matéria. No entanto, é legítimo questionarmo-nos se tal risco é exclusivo daqueles cidadãos que merecem um carinho e um reconhecimento justos e entusiásticos de todos nós.

            Os exemplos estendem-se a tantos cidadãos e cidadãs tanto dos mais expostos como daqueles que vivem uma vida discreta. Assim, não se exige aos pais, ou a quem as suas vezes fizer, a devotação da solicitude até ao fim em pol dos filhos, sobretudo enquanto não conseguem sobreviver por si? Não se exige ao educador ou ao professor que seja o primeiro a entrar em sala de aula e o último a sair, mesmo que o perigo ameace gravemente? Não se exige o mesmo a médicos e a outros profissionais de saúde em situações de emergência como acidentes, cataclismos, guerra, epidemias e pandemias?

            Finalmente, não se exige atitude análoga, em nome do código de conduta ou inegáveis postulados deontológicos, a todos aqueles que têm a seu cuidado a guarda de pessoas e de bens ou o serviço de utilidade pública ou similar junto de utentes ou de clientes?

            Alguém toleraria que um comandante de navio, maquinista de comboio ou piloto-aviador abandonasse o seu posto em caso de perigo coletivo?

            Todavia, em vez de beliscarmos o apoio a militares, bombeiros e agentes de segurança, reflitamos se nos estaremos a esquivar ao cumprimento da profunda devoção ao serviço do próximo que aqui e agora solicita de forma lancinante a nossa solidariedade.