Quando não há profissionalismo…

21-12-2013 19:55

Quando não há profissionalismo…

 

Quando não há profissionalismo, lentamente vai-se escorregando para o nível da mediocridade – declara o papa Francisco em discurso de hoje, dia 21 de dezembro aos membros da cúria romana.

Tal declaração acompanhada de outras conexas foi prestada perante todos os superiores e oficiais da cúria, a quem sentiu a necessidade de agradecer “ todos, como comunidade de trabalho, e a cada um pessoalmente” e em especial àqueles que “terminam o seu serviço e passam à reforma”.

Francisco salienta a vertente do serviço, sobretudo aquele que é pautado pela discrição. E indica os seus postulados: dedicação e trabalho com “competência, precisão, abnegação”, na realização cuidadosa do dever quotidiano. Para tanto, o profissional tem de possuir três caraterísticas: competência, estudo e atualização. Sem isso, o profissionalismo descamba, embora lentamente para a mediocridade, levando a que a resolução dos casos se reduza “a informações estereotipadas e comunicações sem fermento de vida, incapazes de gerar horizontes grandes”.

Todo este raciocínio é dirigido a trabalhadores, alguns dos quais com funções de decisão ou, ao menos de proposta, a quem recorda, como pressupostos ou pré-requisitos, que, naturalmente, o profissionalismo se vai “formando e, pelo menos em parte”, se adquire, “mas, precisamente para que se forme e seja adquirido”, pensa “que é preciso haver, desde o início, uma boa base”. E, enquanto enaltece os pré-requisitos do serviço profissional, seus postulados e caraterísticas, esconjura as murmurações, que “lesam a qualidade das pessoas, lesam a qualidade do trabalho e do ambiente”.

Penso que esta lição deveria ser acolhida nas empresas e nas escolas, por dirigentes e trabalhadores, nas sociedades e associações, nos gabinetes e nos lugares de atendimento, nos hospitais e nos centros de saúde, nas fábricas e nos estádios, nos ambientes sociais e nos espaços políticos. Quanta ineficácia e mal-estar se criam por causa da maledicência e intriguismo, subserviência e falta de profissionalismo, por arrogância ou por falta de coragem, por egoísmo ou por falta de atenção ao outro!

Penso que o Natal – para os crentes, festa da humildade e condescendência de Deus (em grego, “kénosis” e “sinkatábasis”) e de comunhão com o seu povo (koinonía) e, para todos, festa da família e do povo na sua genuinidade – deveria ser momento de repensarmos a forma de assumir as nossas responsabilidades no dia a dia e nos grandes momentos, de nos relacionarmos com a vida e com o mundo da consciência e da comunidade, da memória e da perspetivação do futuro.

Feliz Natal para todos!

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Festa de Deus cujo apelido é o homem, como quer o Papa Francisco, ou encontro de Deus como o seu povo e hora da família, do aconchego da lareira, do frio da reflexão e do quente da amizade;

Sob a égide do Menino que chegou “fraco e indefeso”, mas “meigo e amigo de todos”, no meio da «normalidade» anormal em que, como refere o recém-nomeado bispo das Forças Armadas e Segurança, o império que “não tem bandeira, nem território, mas capital e capitais e “esmaga os salários para «recapitalizar» as empresas”, “especialista em tirar aos pobres para dar aos ricos”; e

Para que o dedicado profissionalismo, estribado na competência, estudo e atualização, nunca escorregue para o nível da mediocridade;

− Vão os meus votos de Bom Natal e Próspero Ano de 2014 para todos os amigos e amigas.