Um padre da diocese da Guarda
Condenado a dez anos de prisão pelo tribunal judicial do Fundão por uma acusação de dezanove crimes de cariz sexual é o antigo vice-reitor do seminário menor da diocese da Guarda mantido em prisão domiciliária numa das casas diocesanas. A diocese, que prudentemente assegurara que em nome da pura cidadania mais responsável aguardaria silenciosa as decisões do competente tribunal, agora com a mesma prudência responsável declara não se dever atribuir valor definitivo ao acórdão judicial e espera no resultado do recurso, ou seja, que as provas que a defesa apresenta sejam consideradas válidas.
O caso merece alguma reflexão e umas tantas questões:
As audiências, dado o melindre da matéria e a suscetibilidade dos intervenientes, decorreram à porta fechada e bem.
A diocese não se precipitou em juízos prévios, contestando outras entidades que o terão feito, e bem.
Os testemunhos das alegadas vítimas foi colhido na fase de inquérito para memória futura, sendo dispensada a sua renovação, o que é de duvidoso mérito, dado que as crianças também crescem e podem mudar de apreciação para melhor ou para pior.
Todos os 19 crimes foram considerados provados, o que é estranho, em comparação com o que acontece na generalidade dos casos apresentados em tribunal.
Igual estranheza merece o facto de o tribunal ter decretado pena igual à solicitada pelo Ministério Público, entidade acusante.
Esquisita considero a afirmação da juíza presidente de que os testemunhos das crianças foram coerentes e lógicos. Lógicos, em quê? Coerentes, com quê? Que tinham sido acompanhadas por técnicos da Segurança Social. Não se pode duvidar da competência técnica destes técnicos?
Terá sido este arguido o mais criminoso de todos os abusadores sexuais, por exemplo, mais do que qualquer um dos da Casa Pia? Ou o facto de ser padre sobrecarrega a justiça do Estado, mais do que a das consciências ou a divina?
Isto para já não falar das circunstâncias da detenção: mudança da diretoria da PJ local...