Um padre da diocese da Guarda

03-12-2013 12:30

Condenado a dez anos de prisão pelo tribunal judicial do Fundão por uma acusação de dezanove crimes de cariz sexual é o antigo vice-reitor do seminário menor da diocese da Guarda mantido em prisão domiciliária numa das casas diocesanas. A diocese, que prudentemente assegurara que em nome da pura cidadania mais responsável aguardaria silenciosa as decisões do competente tribunal, agora com a mesma prudência responsável declara não se dever atribuir valor definitivo ao acórdão judicial e espera no resultado do recurso, ou seja, que as provas que a defesa apresenta sejam consideradas válidas.

O caso merece alguma reflexão e umas tantas questões:

As audiências, dado o melindre da matéria e a suscetibilidade dos intervenientes, decorreram à porta fechada e bem.

A diocese não se precipitou em juízos prévios, contestando outras entidades que o terão feito, e bem.

Os testemunhos das alegadas vítimas foi colhido na fase de inquérito para memória futura, sendo dispensada a sua renovação, o que é de duvidoso mérito, dado que as crianças também crescem e podem mudar de apreciação para melhor ou para pior.

Todos os 19 crimes foram considerados provados, o que é estranho, em comparação com o que acontece na generalidade dos casos apresentados em tribunal.

Igual estranheza merece o facto de o tribunal ter decretado pena igual à solicitada pelo Ministério Público, entidade acusante.

Esquisita considero a afirmação da juíza presidente de que os testemunhos das crianças foram coerentes e lógicos. Lógicos, em quê? Coerentes, com quê? Que tinham sido acompanhadas por técnicos da Segurança Social. Não se pode duvidar da competência técnica destes técnicos?

Terá sido este arguido o mais criminoso de todos os abusadores sexuais, por exemplo, mais do que qualquer um dos da Casa Pia? Ou o facto de ser padre sobrecarrega a justiça do Estado, mais do que a das consciências ou a divina?

Isto para já não falar das circunstâncias da detenção: mudança da diretoria da PJ local...